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Cavaleiros do Zodíaco: Bravos Soldados apela para simplicidade e se consolida como divertido jogo de luta

O primeira aparição de Cavaleiros do Zodíaco no PlayStation 3 deixou um gosto amargo na boca dos jogadores. Batalha do Santuário foi bonito e fiel o suficiente ao sucesso dos anos 90 para deixar qualquer fã que se preze com sorriso na boca, mas a forte repetição no gameplay impediu a grande maioria de se ver divertido por muito tempo.
Só que a história não teve um final infeliz. Eis que, qualidade a parte, a nostalgia cumpriu com a missão de garantir boas vendas para o game da Namco Bandai, garantindo a produção de uma sequência – Cavaleiros do Zodíaco: Bravos Soldados, que tem como objetivo redimir o nome dos guerreiros de Atena e pavimentar o futuro da série na geração que acabou de chegar.
Para começar, o game chega cortando todos os excessos. Ao invés de inventar moda como foi o “pseudo-beat'em up” de Batalha do Santuário, Bravos Soldados se concentra no que a série animada sempre teve de melhor: o quebra pau. O modo principal se divide entre os três arcos principais da série: Santuário, Poseidon e Hades (com a triste ausência de Asgard) e estes contam a história por meio de imagens, texto e as próprias vozes japonesas dos guerreiros. Tudo muito simples, tudo muito barato, mas, novamente, o necessário.

O sistema de luta do jogo em si também não vai muito longe na experimentação. A ordem de comando durante a criação deste deve ter sido: “Caras, vamos fazer algo parecido com Naruto da CyberConnect 2?”, e foi o que saiu. Dois personagens se enfrentam por uma arena 3D desferindo seus principais ataques só que, aonde Naruto se desdobra na movimentação pelos grandes cenário, Bravos Soldados é mais fechado e focado na trocação.
Basta lutar o primeiro confronto do jogo para ver que não se pode dar pontos ao sistema pela originalidade, mas também seria impossível tirar pela aplicação. A coisa toda funciona muito bem e o que Cavaleiros do Zodíaco não oferece em complexidade como outros grandes nomes do gênero, este compensa com a variedade de formas que você pode interceptar as investidas de seus oponentes e surpreendê-los. O mais importante é como tudo fica bonito e empolgante durante a ação.
Bravos Soldados não é um jogo simples de se dominar. São múltiplas combinações de botões e uma série destes devem ser apertados ao mesmo tempo, só que não chega a incomodar. O próprio modo principal do game faz um bom serviço de instruir o jogador nos primeiros passos além de habilitar os muitos cavaleiros disponíveis, 43, sem contar variações do mesmo personagem, como Seiya e as diversas versões de sua armadura de Pégaso. 
Não precisa nem dizer então que o modo história é então essencial não apenas para alguém que se diz fã da série, mas para qualquer um que queira se divertir com o game posteriormente, afinal, é nos modos versus que se concentra toda a sobrevida deste, seja local, com direito a múltiplas variações de regras e modos, ou o funcional on-line.
O maior trunfo da nova produção está no fato de que não mais o jogo apela apenas para alguém que tenha acompanhado a série na infância ou adolescência. Claro que familiaridade com o universo ajuda, mas nada mais barra aquele seu amigo perdido de se divertir com alguns contras durante uma tarde de sábado, isto é, dado que ele tenha o mínimo interesse em jogos de luta. A mecânica é rápida e abrangente, são dezenas de personagem e o visual é puro carisma. 
Aliás, não da para fechar o texto sem falar dos gráficos do jogo. A transição do 3D convêncional para o cel shading nos personagens não poderia ter sido mais feliz, completando os guerreiros com muito mais expressão e personalidade. Ao mesmo tempo, as armaduras permanecem como no jogo passado, porém, o uso inteligente de novos shaders garante um brilho muito mais natural, sem deixar de ser impressionante.
Mas o ouro mesmo está nos mínimos detalhes: a forma como os movimentos dos guerreiros se borram com a velocidade, a energia transbordando dos muitos ataques e o jeito como a própria animação de cada movimento mescla com as várias situações dos combates. É tudo tão harmônico que te faz pensar aonde estavam com a cabeça quando introduziram os combates aéreos à formula. A ideia é boa, mas o resultado é triste. Por sorte estes não ocorrem (ou não precisam ocorrer) tanto assim durante cada partida. Fazer o que, não da para acertar sempre, certo?
Cavaleiros do Zodíaco: Bravos Soldados é o jogo que todos os games baseados na série deveriam ter sido. Com ação abrangente e acessível, variedade de personagens e visual cativante, a despedida dos Cavaleiros no PS3 tem qualidade o suficiente para cumprir a missão que poucos games baseados em anime sequer sonham em cumprir: divertir até mesmo o jogador alheio a série. 

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